quinta-feira, abril 18, 2024

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TJ faz acompanhamento semanal da crise instalada com pandemia em SC

Foto Divulgação

Ricardo Roesler, presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), diz que Justiça agiu rápido para garantir processos e prazos desde março; sobre impeachment de Moisés, Roesler avalia que ainda há muito a se discutir na Alesc.

Santa Catarina é o sétimo Estado da com maior grau de litigiosidade. Cada juiz catarinense tem em média 10.845 processos sob sua responsabilidade, atualmente, contra a média nacional que é de 8.370 processos por magistrado. Mesmo assim, o Tribunal de Justiça catarinense é o segundo do país em termos de produtividade, ficando apenas atrás de São Paulo. Situação que se mantém mesmo após a crise instalada pela pandemia do novo coronavírus.
Em entrevista à Coluna Pelo Estado, o presidente do TJSC, Ricardo Roesler, diz que a instituição agiu rápido para garantir condições de trabalho aos servidores e, desde então, tem se reunido periodicamente para avaliar a crise.
Roesler evitou falar sobre o impeachment do governador e avaliou que a matéria ainda está no campo das discussões políticas e que muito ainda deve ser discutido na Assembleia antes de se falar no processo de afastamento.

[Pelo Estado] – Como o Tribunal de Justiça de Santa Catarina se adequou à crise instalada pela pandemia com a suspensão das atividades presenciais?
Ricardo Roesler – Na semana em que foi declarada a pandemia, o Poder Judiciário de Santa Catarina prontamente observou as regras de isolamento social e foi o primeiro tribunal do país a derivar toda sua força de trabalho, de servidores e magistrados, para o ambiente não presencial. Fomos também um dos poucos e o primeiro a autorizar o deslocamento dos equipamentos necessários ao desempenho das atividades pelos nossos colaborares. Com o avanço da pandemia, também inauguramos uma central de atendimento no primeiro grau, de modo a otimizar o atendimento não presencial dos advogados pelos juízes e servidores. Nesta semana aprovamos a extensão desse canal de comunicação ao segundo grau de jurisdição.
Além disso, desde o início da pandemia tomamos a iniciativa de reunir todas as entidades que compõem o sistema judiciário estadual – Ministério Público do Estado de Santa Catarina, Ordem dos Advogados do Brasil, Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina e Procuradoria do Estado – para formar um comitê que chegou nesta semana ao 25º encontro, com o propósito de acompanhar e discutir semanalmente a evolução da crise e a solução dos problemas dela decorrentes.

[Pelo Estado] – Qual é a situação atual dos prazos judiciais e administrativos em processos que tramitam em meio físico e eletrônico?
Ricardo Roesler – Os processos eletrônicos, judiciais e administrativos, tramitam normalmente desde o início da pandemia, tendo em vista que seu acesso não depende de qualquer providência das unidades do Poder Judiciário. Os processos físicos permanecem suspensos, mas o acesso é franqueado mediante requerimento dos procuradores. A procura, todavia, tem sido bastante reduzida, bem porque os processos físicos (judiciais) representam apenas uma pequena fração do nosso acervo atualmente – e deverão ser digitalizados até o fim do ano, quando teremos apenas processos eletrônicos.

[Pelo Estado] – Como ficou a situação das audiências, principalmente nos processos criminais, que representam situações com réus presos ou pessoas com pedidos de prisão?
Ricardo Roesler – Por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), inicialmente foram mantidas as audiências presenciais urgentes e as de custódia. As audiências com réus presos foram realizadas normalmente, sem prejuízo para eles. Com a colaboração do Deap, foi utilizado o sistema de videoconferências instalado nas unidades prisionais para evitar a exposição dos presos ao risco de contaminação, e a equipe de juízes e servidores das varas criminais se empenhou muito para tudo seguir funcionando.

[Pelo Estado] – Como está a litigiosidade e a produtividade das matérias que tramitam no TJSC?
Ricardo Roesler –  Santa Catarina é o sétimo Estado da Federação em termos de litigiosidade. Em uma conta simples, cada juiz tem em média 10.845 processos sob sua responsabilidade, quando a média nacional é de 8.370 processos por magistrado, considerando o primeiro e o segundo graus de jurisdição (Justiça de primeira instância e de segunda instância). A despeito dessa carga de trabalho, o Poder Judiciário de Santa Catarina tem posição de destaque no cenário nacional. Segundo o relatório divulgado pelo CNJ na semana passada, somos o segundo tribunal em desempenho, apenas atrás do Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior do mundo em números absolutos. Esse desempenho foi mantido no período da pandemia – e, proporcionalmente, foi ainda maior –, o que nos demonstrou o sucesso do trabalho não presencial. Embora alguns gargalos ainda dependam de ajustes, o desempenho nesse período de isolamento, repetindo e melhorando o desempenho dos períodos anteriores, revela a qualidade do corpo funcional do Poder Judiciário de Santa Catarina.

[Pelo Estado]  – O presidente do TJSC terá grande responsabilidade caso o processo de impeachment contra o governador Carlos Moisés avance na Alesc. Como avalia esse momento?
Ricardo Roesler – Atualmente a discussão em torno do processo de impedimento do governador do Estado tem natureza essencialmente política. A discussão ainda está reservada ao plenário da Assembleia Legislativa. Na condição de presidente do Poder Judiciário, não me cabe qualquer juízo de valor, cuja reserva é feita unicamente à Assembleia.

[Pelo Estado] – Se aprovado o afastamento pelo plenário, em quanto tempo a população catarinense deve ter conhecimento da decisão da comissão mista, formada por desembargadores e deputados, sobre a aceitação ou não do que for aprovado pela Alesc?
Ricardo Roesler – Não há nesse momento como tratar, mesmo por hipóteses, de quaisquer questões referentes ao eventual processo de impedimento do senhor governador. Há muito a ser discutido pela Assembleia antes de se falar em processo.

(Fonte Coluna Pelo Estado)

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